Para Edgar Morin, o artista é uma espécie de ser visionário que se conecta com outros estados de consciência. Ao escrever Finnegans Wake, diziam que era possível ouvir James Joyce estirado no chão lutando contra ele mesmo, rindo alucinadamente. Era sua luta contra o diabo? O artista é aquele que abre espaço para o não dito e, para além disso, para aquilo que é impossível. Esse é o território do artista e seu campo de batalha diário, aquele que se dá no invisível. A tela, o papel, a argila não passam de sobras. O que vemos aqui são não-ditos, restos de um acontecido. Um artista é criado enquanto cria e, no fim, sua obra não o pertence: é ele que pertence à obra. Isso ninguém tira de um artista: sua capacidade de acessar mundos distantes e ainda nos trazer algum resquício dessa viagem.
Agradecemos a todos os artistas que tiveram a coragem de dividir seus universos simbólicos nessa primeira edição do Salão DOMI Galeria de Arte Online. Recebemos trabalhos de artistas de vários países e, ao todo, 10 artistas foram selecionados, dentre os quais 3 artistas finalistas serão premiados e representados pela Galeria nos próximos meses.
Diante da qualidade e do grande número de obras inscritas para o 1° Salão DOMI Galeria de Arte Online, realizar a seleção de dez obras se tornou uma experiência de provocação. O processo consistiu em uma densa análise de cada obra, percorrendo os diferentes recortes, conceitos e materiais utilizados. Assim, o resultado propõe uma reflexão crítica acerca das práticas e temáticas artísticas atuais, abrangendo diversas linguagens e processos criativos, que demonstram como ainda que frágil só arte pode nos salvar do naufrágio.