Internacionalmente conhecida por sua arte política relacionada, principalmente, com a promoção dos direitos das mulheres, Panmela Castro é uma artista brasileira cuja prática artística é movida por relações de afeto e alteridade.
A partir da ideia de “deriva afetiva”, ela propõe o acaso como sujeito de uma busca incessante pelo sentimento de pertencimento. Baseada no pensamento da performance, sua produção artística converge em trabalhos que permeiam pintura, escultura, instalação, vídeo e fotografia.
É formada em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007), mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011) e e é pós-graduanda do curso de Direitos Humanos, Responsabilidade e Cidadania Global pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2023).
Seu trabalho faz parte de coleções internacionais, incluindo Stedelijk Museum e ICA Miami, além de importantes coleções do Brasil como Instituto Inhotim, MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes e Museu de Arte do Rio. Entre as suas exposições mais recentes e dignas de nota, participa atualmente na exposição de longa duração no Museu Stedelijk intitulada “Tomorrow is a different day - 1980 up to now”; participou da Bienal das Amazônias (Belém, 2023); “Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro” no Sesc Belenzinho (São Paulo, 2023); “Ana Mendieta: Terra Abre Caminhos” no Sesc Pompeia (São Paulo, 2023); “Funk” no MAR (Rio de Janeiro, 2023); “Histórias Brasileiras” no MASP (São Paulo, 2022); “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro” no Instituto Inhotim (Brumadinho, 2022); Bienal do Mercosul (Porto alegre, 2022); “Um Defeito de Cor” no MAR (Rio de Janeiro, 2022); “Negros Na Piscina” na Pinacoteca do Estado do Ceará (2022); “Brasil Futuro: as formas da democracia” no Museu Nacional da República; “Enciclopédia Negra” na Pinacoteca de São Paulo (2022) e MAR (2021); “Escrito no Corpo” na Tanya Bonakdar em Nova York (2022) e Carpintaria (2021); bem como as exposições individuais “Deriva Afetiva Dakar”, Instituto Inclusartiz (2023); “Ostentar é Estar Viva” na Galeria Luisa Strina (2021) e “Retratos Relatos” que teve sua primeira montagem no Sesc Paraty em 2023 e rodará o Brasil como um projeto do Sesc Nacional pelos próximos 10 anos.
Em “Retratos Relatos", dez mulheres de diferentes territórios do Brasil se encontraram com a artista Panmela Castro para compartilhar suas histórias e denunciar a violência doméstica no Brasil. Com histórias, origens e
experiências diversas, essas mulheres retratadas expuseram ao público suas jornadas de enfrentamento ao machismo e à violência. Como protagonistas de suas histórias, suas vivências transcendem o individual, subvertendo essa dor ao abrir espaço para outros significados e inspirações. As obras deste projeto foram criadas ao vivo no Sesc Santa Rita, em Paraty-RJ, durante junho de 2023. Enquanto as mulheres retratadas posavam para a artista, o público presente na galeria testemunhava o processo criativo. Assim, os retratos ganharam vida através das pinceladas rápidas e vigorosas da artista, capturando a essência desse encontro único. Cada pintura e relato abordam dez temas essenciais para a compreensão da formação da violência doméstica em nossa sociedade. História das mulheres, construção de gênero, machismo estrutural, os cinco tipos de violência (psicológica, moral, física, sexual e patrimonial), a Lei Maria da Penha e o serviço Ligue 180 são os principais focos da exposição, bem como de uma websérie educativa em desenvolvimento.
Panmela Castro, ativista social e protagonista da quarta onda feminista, conforme descrito por Heloisa Buarque de Holanda em "Explosão Feminista" é a fundadora da organização sem fins lucrativos Rede NAMI. Seu trabalho coletivo em prol dos direitos das mulheres e no enfrentamento à violência doméstica impactou mais de 200 mil pessoas na última década.
Pelos seus esforços notáveis nesta área dos direitos humanos, recebeu inúmeras distinções, incluindo a nomeação de Young Global Leader pelo World Economic Forum, o DVF Award e a inclusão na lista das 150 mulheres corajosas que estão transformando o mundo, pela renomada revista norte-americana Newsweek.
A DOMI Galeria de Arte Online fez uma entrevista exclusiva com Panmela e aqui está o resultado:
Seu currículo é bastante extenso e de tirar o fôlego! Mas quem é exatamente Panmela Castro ou como vc se auto definiria?
Eu me defino como uma andarilha. Eu vivo nessa deriva me deixando levar pelas conexões de afeto que crio nos lugares por onde passo. Procuro meu lugar no mundo e onde eu possa ser aceita, cuidada e amada. E isso também se reflete na minha arte.
Fale um pouco sobre seu trabalho hoje, enquanto mulher artista e feminista
Eu me considero uma feminista interseccional e procuro contribuir com as mudanças que nós mulheres, cis e trans, precisamos para melhorar nossa qualidade de vida. Um exemplo é a epidemia de violência doméstica que vivemos hoje. Uma mulher se torna vítima de violência doméstica a cada 4 horas no Brasil, segundo dados do boletim “Elas Vivem: dados não se calam” da Rede de Observatórios da Segurança, de 2023. Então eu procuro usar a minha arte e visibilidade para tratar sobre esses assuntos, contando a minha própria história, contando a história de outras mulheres e inspirando jovens meninas, num esforço maior de sermos nós as protagonistas de nossas próprias narrativas. Ser mulher é lindo, mas pode ser muito mais.
Quais suas maiores influências ou quais foram suas grandes referências?
Como eu estudei na universidade, eu recebi uma educação formal, baseada na história da arte tradicional, que é branca e europeia. Então muitas das influências em minha arte vêm dessas referências, como Chris Burden, Sophie Calle e Tracey Emin. Mas para compensar essa perspectiva limitada, busco inspiração nas pessoas que fazem parte da minha vida e com quem compartilho experiências intelectuais. Essas pessoas são Rafael Bqueer, Rosana Paulino, Ayrson Heráclito, Regina José Galindo, Carlos Martiel, e muitos outros colegas que me inspiram diariamente.
Que conselho que vc daria para alguém que está começando agora e tb para artistas de um modo geral? Se vc conseguisse resumir todo o seu aprendizado ao longo da sua carreira, oq vc acha que seria interessante ou útil ter sabido antes?
Todo o conhecimento que acumulei ao longo de mais de 20 anos de carreira foi condensado em um manual direcionado a jovens artistas. Este manual, intitulado 'Hackeando o Poder – Táticas de Guerrilha para Artistas do Sul Global', foi publicado pela Editora Cobogó em 2023. Idealizado por mim e executado em colaboração com a Rede NAMI, ele é resultado do trabalho conjunto de mais de 50 pessoas, incluindo artistas, curadores, profissionais da arte e dos direitos humanos, além da minha própria equipe na Rede NAMI. No manual, apresentamos verdadeiras estratégias de guerrilha para aqueles que desejam entrar no mundo da arte, reconhecendo que as oportunidades não são iguais em uma sociedade marcada pelo patriarcado, buscamos incentivar a independência - principalmente financeira - como forma de enfrentá-lo, através das muitas ferramentas existentes no mundo atual e das experiências de quem já passou por esses processos. Meu conselho geral é que sempre estabeleça suas metas, una forças com suas aliadas e desenvolva estratégias para alcançar seus objetivos. Aproveite as brechas para ocupar os espaços de poder que foram negados a você em um mundo marcado pelo machismo, racismo e preconceito. Se você não souber como chegar lá, não hesite em pedir orientação a quem já trilhou essecaminho. Uma vez lá, descolonize essas estruturas para que outras também possam chegar junto; somente assim poderemos construir um mundo mais justo.
Onde mais vc quer chegar? Todos nós, de uma forma ou de outra, perseguimos nossos objetivos diariamente, temos nossos projetos, nossos desejos... Mas alguns têm também um grande sonho, uma grande meta, qual seria a sua?
Minha meta pessoal é alcançar um fim de vida digno, com qualidade e felicidade. No âmbito profissional, seria gratificante ter a relevância do meu trabalho reconhecida, documentada e lembrada. Em termos de ideais, almejo concluir o trabalho da NAMI com a realização daquilo que sempre buscamos: uma sociedade livre de violência.
Esse mês conseguimos um horário disputado na agenda da artista Liane Sanchez. Multitalentos, com incursões pela xilogravura, escultura, óleo, teatro, fotografia e música, embora afirme que sua tendência pelo desenho seja predominante.
Liane Sanchez começou a vincular-se às Artes Plásticas aos 12 anos de idade de forma bastante instintiva. Aos 17 anos, entrou para a Escola Panamericana de Arte que lhe serviu de trampolim para que a arte se solidificasse em sua vida. Confira abaixo nosso delicioso bate-papo!
Para aquelas pessoas que ainda não te conhecem, nos fale um pouco sobre você?
Adoro desenhar! Me vejo rabiscando em qualquer lugar (guardanapo, papel de pão, etc...). Em função do meu trabalho no turismo, tenho oportunidade de viajar bastante, e além do que trago na memória, trago também muitos rascunhos. Meu atelier se resume aos desenhos, Ipad e computador. Por outro lado, é a minha busca espiritual que me faz querer simplesmente "tocar o coração das pessoas"...
Apesar de ser uma questão extremamente subjetiva, difícil de ser respondida para a grande maioria dos artistas, gostaríamos de saber o que significa Arte para você?
Arte é como respirar uma brisa suave.... é descansar no coração.... simples assim!!!
Como você diria que a Arte entrou em sua vida?
Quando eu tinha 06 anos de idade, me encantava em ver a minha vizinha desenhar rostos de bonecas japonesas, e não sosseguei até que ela me ensinasse a desenha-las. Aos 12 anos, ganhei um incentivo muito grande da minha professora de desenho no ginásio, e aos 17anos, já estava matriculada na Escola Panamericana de Arte. Lembro que, até nos intervalos de aula, ficava desenhando e conversando com os professores. Foi nessa ocasião que vendi meu primeiro trabalho.
Fale um pouco sobre o seu processo de criação, como ele acontece e como você lida com ele
Eu começo olhando com calma para o papel, até encontrar o primeiro traço. Não importa se é um papel totalmente em branco ou de reuso (que são descartados por uma gráfica após a limpeza da máquina de impressão). Posso levar dias até completar o desenho (a memória precisa também ir de encontro a esses traços). Depois costumo trabalhar com ecoline para aplicar as cores (não posso utilizar tinta acrílica ou a óleo por causa da minha alergia aos cheiros), e então começa o processo da arte digital, com novas cores e sobreposições...e depois, a magia do IA!!! São tantas opções a partir do meu trabalho e do prompt que estabeleço, que é até difícil explicar...uma maravilha!!!
Nos conte sobre seus mestres, suas influências e inspirações. Quem são os artistas ou pessoas que te inspiram?
Fiquei tão encantada ao conhecer os trabalhos de Modigliani, que não sabia nem o que fazer de tanta emoção. Só estudava as obras dele. Com o tempo, os Impressionistas foram tomando espaço na minha paixão, e nem sei dizer de qual eu gosto mais (acho que Manet tem um lugar especial). Adoro também as obras de Michelangelo, Leonardo da Vinci, Caravaggio, e tantos mais.... e Vermeer!!!
É bem verdade que o artista passa por diversas fases ao longo da vida, mas como você descreveria o seu trabalho artístico hoje?
Finalmente consegui hoje o tempo que nunca tive para poder me dedicar ao desenho. O trabalho no turismo sempre consumiu muito do meu tempo, mas, por outro lado, me deu a oportunidade de viajar e aumentar os meus conhecimentos...
Cada artista tem uma jornada única, como foi a sua? Quais foram ou ainda são seus grandes desafios para trabalhar e viver da Arte?
Para mim, desenhar é uma necessidade, uma alegria sem fim. Nunca busquei viver somente da arte, mas sempre que pude, participei de exposições, salões, feiras, etc....
Em sua opinião, quais você diria que são as características ou atributos fundamentais para seguir uma carreira em Artes?
O importante é não deixar de produzir, e sempre que possível, apresentar seu trabalho (não importa se for para um grupo seleto de pessoas, ou em um salão de arte).
Que sugestão que você daria para um jovem artista que está apenas começando a dar os primeiros passos no mundo das Artes?
Procure observar tudo, ver com o coração. Participar de um grupo, fazer cursos, assistir palestras e pedir opiniões ajudam muito, mas nunca deixe ninguém e nada mudar o seu caminho instintivo...
Onde mais você quer chegar? Nos conte um pouco mais sobre seus projetos ou seus planos para o futuro
Estou agora apresentando meus trabalhos no Instagram com mais frequência...o site está pronto, mas com certeza irei fazer algumas mudanças e atualizações. Participo também do Grupo AD + IA que me traz muita alegria e aprendizado, ocasionando exposições coletivas e também incentivo para individuais.
Para conhecer mais o trabalho da artista, visite aqui!!
Dionísio Jacob cresceu cercado por livros que os pais liam e adaptavam para os teleteatros. Na adolescência apaixonou-se pela pintura e pelo desenho o levando a cursar Faculdade de Artes Plásticas. Fez diversas exposições e ilustrou inúmeros livros. Hoje em dia também escreve, conseguindo combinar perfeitamente bem atividades em artes e literatura. É um autêntico contador de histórias, seja por palavras ou plasticamente, mas também aquele tipo de artista que consegue fazer de tudo e tudo muito bem, exatamente por que faz tudo com muito amor.
Conversamos com ele alguns anos atrás e agora, novamente, esse mês, o artista nos recebeu para contar mais sobre sua carreira e projetos… confira abaixo:
Sabemos que você é um artista extremamente versátil e multitalentos, mas em suas próprias palavras, quem é Dionísio Jacob?
Bem, desde que me conheço por gente sou uma pessoa voltada para o universo artístico, para o mundo das artes, até por influência familiar antes mesmo da formação profissional. Tive um crescimento numa época extremamente experimental que foram os anos 60 e 70 e num ambiente multifacetado que me influenciou bastante. Para simplificar, poderia dizer resumidamente que sempre quis ser, fui e continuo sendo... um artista.
Como a Arte entrou em sua vida?
Meus pais eram artistas, gente ligada ao teatro, ao cinema e ao início mesmo da televisão no Brasil. Naquele começo, eles não apenas atuavam como atores e diretores dos teleteatros, mas precisavam adaptar textos para a mídia nascente. De modo que minha primeira grande influência foi literária. Cresci cercado de livros e fui um leitor precoce. Sempre gostei muito de escrever. Mas além dos romances, novelas e contos, eles compravam livros sobre História da Arte, sobre os grandes pintores, que me interessavam demais. Comecei a desenhar e pintar e passei a frequentar um curso de pintura para adolescentes que havia na FAAP, no fim dos anos 60, onde acabei encontrando o pessoal que depois viria a se tornar o Pod Minoga, grupo artístico multilinguístico que teve uma atuação marcante na década de 70.
Por que escolheu esse tipo de arte como forma de se expressar?
Por conta da formação nesse universo bastante diversificado sempre fiz, desde adolescente, o que faço até os dias de hoje: escrever e pintar. Claro que essas atividades passaram a continuam a passar por diversas fases, evoluções e aprofundamentos, mas basicamente são as duas atitudes artísticas que moldaram desde sempre a minha vida.
Fale um pouco sobre seus mestres, suas influências e inspirações. O que te move?
Já naquele supracitado curso de pintura que fiz na FAAP, havia aulas paralelas de teatro com Naum Alves de Souza, que depois viria a se tornar o líder do grupo Pod Minoga. Naum, grande dramaturgo e diretor de teatro, era também pintor, desenhista e cenógrafo. Foi ele quem fez os bonecos da primeira versão do Vila Sésamo no Brasil e o cenário do Falso Brilhante, musical icônico com Elis Regina. De modo que o Studio Pod Minoga, teve uma influência decisiva desse seu jeito multifuncional. Fazíamos de tudo: exposições de arte, decorações de vitrines de lojas, daqueles Cafés que começavam a tomar conta da cidade, além, é claro, das peças de teatro onde atuávamos como atores, cenógrafos, figurinistas e roteiristas. Foi um período muito criativo e de muito aprendizado, pois além da atividade no Pod Minoga (que pode ser vista no livro publicado pelo SESC sobre aquele trabalho), eu cursava a Faculdade de Artes Plásticas da FAAP, numa época de ótimos artistas e professores como Evandro Carlos Jardim, Regina Silveira, Júlio Plaza, Tomoshigue Kusuno, Nelson Leirner e Mário Ishikawa, de quem fui monitor nas suas excelentes aulas de Desenho Analítico. Também trabalhei como assistente do pintor e gravador José Guyer Salles em seu estúdio de gravura em metal, onde aprendi muito com a sua imensa cultura visual.
Um artista geralmente passa por diversas fases ao longo de sua carreira.. Como você definiria o seu trabalho hoje?
Tenho desenvolvido uma série de trabalhos que chamo de GRAVADOS DIGITAIS. Como o nome diz são feitos com computador, em programas digitais como Photoshop, Corel Painter, entre outros. Venho de uma formação inteiramente analógica e pertenço àquelas gerações que tiveram de “correr atrás”, com a chegada do universo digital. Também sempre preferi, nas artes visuais, as expressões bidimensionais às tridimensionais, como escultura, modelagem, etc. Desde adolescente era apaixonado por pintura, desenho, gravura, de fundo figurativo. Acho que a tela de um computador é uma extensão da folha de papel com suas características óbvias, como o brilho e o modo de cor RGB, entre outras. Ainda assim, trata-se de um prosseguimento dessa eterna expressão bidimensional tão atrativa para a imaginação humana e que já cobriu paredes de cavernas pré-históricas, de templos e palácios na forma de murais, continua cobrindo fachadas de edifícios modernos na forma de grafite, sem falar de papiros e papéis, livros e iluminuras, jornais e revistas, além das telas de pintura, é claro. Continuo pintando em acrílico, mas tenho explorado bastante as possibilidades expressivas dessa vertente digital.
Nos conte um pouco sobre o seu processo de criação, como ele funciona e como vc lida com ele?
No caso específico dos GRAVADOS DIGITAIS, tudo começa com um desenho que pode ser a lápis ou a nanquim. Desde a época da faculdade tenho o hábito de preencher blocos e blocos de desenhos, com a imaginação agindo livremente sobre o branco do papel, um traço puxando o outro, uma figura sugerindo um fundo, deixando, enfim, fluir a invenção. Ainda tenho até hoje esses blocos e costumo vez ou outra digitalizar esses trabalhos e até usá-los, pois os temas são atemporais. Uma vez tendo um desenho que me agrada, escaneio, transfiro para uma pasta no computador e passo a elaborar a cor e todo o acabamento final nesses programas a que me referi, através de superposições de imagens, de diversos filtros e toda uma técnica que fui elaborando com o tempo. Também gosto de misturar desenhos com fotografias que eu mesmo tiro.
Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida, tamanho a sua complexidade, mas de forma resumida, o que é Arte para você?
A Arte possui tantas dimensões que é difícil capturar sua essência sem se perder num mar de subjetividade. Mas ela acompanha pontualmente toda a evolução histórica humana e responde com absoluta certeza a uma necessidade muito profunda de expressão da nossa alma, claro, sempre adaptando-se aos tempos e às culturas. E essa necessidade, para mim, vai além de qualquer utilidade prática que se possa dar à Arte e que são variadas. Digo isso sem negar que ela possa ter essas utilidades também. Contudo, a necessidade íntima de expressão toca em algo profundo da nossa psique e transcende alguns objetivos mais imediatos criados por uma época e sem utilidade em outra, pois toda criação do espírito humano permanece como uma aquisição legítima. Afinal, não é preciso ter nascido na Idade Média, nem ser necessariamente religioso para admirar a imensa beleza de uma catedral gótica e das obras que ela abriga.
Como foi seu caminho para chegar até aqui? Quais foram ou ainda são seus grandes desafios para trabalhar e viver da Arte aqui no Brasil?
Foi exatamente esse trajeto que comecei a trilhar na adolescência, nos cursos que fiz, nos trabalhos que realizei tanto em grupo como sozinho, lendo muito, vendo muito, estudando técnicas, exercendo a curiosidade estética sempre, buscando conseguir alcançar a melhor forma de expressar essa vida interna de onde surge sempre qualquer expressão artística. Os desafios de viver num país em constante crise política são muitos e é preciso resiliência. Atravessei até aqui diversos períodos históricos: minha juventude foi toda durante uma ditadura militar, quando as expressões culturais eram sempre vistas com desconfiança. Mas mesmo depois atravessamos tantas crises políticas, tantos problemas econômicos (e ainda estamos atravessando). Mas é preciso seguir sempre em frente, procurando exercer o trabalho que mais nos justifica, lutando pela liberdade da nossa consciência criativa.
Se você tivesse a oportunidade de orientar alguém que está apenas começando a dar os primeiros passos como artista, quais seriam as suas dicas?
Repetiria muitas das palavras da resposta anterior: aprender, fazer cursos, ler de tudo, assistir de tudo, respirar o ar do universo cultural em que se está inserido. Mas acima de tudo, não perder o contato com a vida íntima, com aquela intuição que temos de uma expressão pessoal, algo que seja nosso, que venha lá de dentro e que confira sinceridade ao nosso projeto artístico.
Nos fale um pouco sobre seus planos para o futuro... onde mais vc gostaria de chegar?
Anos atrás (talvez décadas), não fazia a menor ideia de que iria trabalhar numa forma de expressão digital, pelo simples fato de que essa possibilidade nem existia. E se faço isso hoje em dia é porque não perdi minha curiosidade pelas coisas que acontecem à minha volta. É preciso manter sempre nossa vivacidade interna, não perder a sensibilidade de perceber tudo com um olhar infantil — não no sentido de uma puerilidade ou irresponsabilidade, mas daquele frescor que é o dínamo da vida criativa. Portanto, pretendo ir até onde essa vida criativa me levar através das imagens e das palavras.
Para conhecer um pouco mais o trabalho do artista, visite aqui!!
Mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e formada em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade do Rio de Janeiro, Panmela Castro ou, como também é conhecida, Anarkia Boladona, é uma artista brasileira internacionalmente conhecida como a rainha do graffiti brasileiro.
Essa carioca nascida na Penha, subúrbio do Rio é feminista, ativista de direitos humanos, colecionadora de arte, promotora de street art, curadora, produtora, palestrante, presta consultoria no campo das artes e estudos de gênero e sua veia empreendedora ainda lhe garantiu uma nomeação para o prêmio "Empreendedor de Negócios do Ano" em 2015 para o jornal Folha de São Paulo. É também Fundadora da Rede NAMI, uma organização feminista que reúne talentos artísticos e que busca promover treinamentos e oficinas com o objetivo de incentivar a proteção dos direitos das mulheres e, em essência, acabar com a violência cometida contra as mulheres.
Parece muito? Ainda tem mais! Panmela Castro produziu quadros exteriores em mais de dez países ao redor do mundo, tem obras que fazem parte da coleção de arte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington D.C. e da Câmara dos Deputados em Brasília. Também expôs em diversas galerias e museus de arte como o Museu da Cultura Brasileira (MUBE) e o Museu de Arte Contemporânea do Bispo Rosário.
Artista dedutiva que tem como suas principais áreas de interesse o corpo feminino em diálogo com a paisagem urbana e as questões de alteridade e de gênero binário, ela se dedica à produção de diversas formas de obras de arte, como arte performática, fotos, vídeos e seus murais de renome mundial.
Panmela não para! E, em meio a um furacão de coisas acontecendo, DOMI conseguiu um tempinho com ela para um bate-papo rápido e muito inspirador
Seu currículo é bastante extenso e de tirar o fôlego! Mas quem é exatamente Panmela Castro ou como vc se auto definiria?
Eu sou uma artista com pelo menos 20 anos de carreira que sofreu um processo de marginalização por reflexo da minha classe, gênero e etnia. Minha primeira exposição profissional fiz ainda nos anos 90 no SESC mas só agora, tenho entrado em instituições formais de arte, apesar de já ter meu trabalho internacionalmente reconhecido e apresentado na grande mídia como PBS, CNN e BBC.
Fale um pouco sobre seu trabalho hoje, enquanto mulher artista e feminista
Eu acredito que para descrever o tipo de trabalho que eu realizei e realizo hoje, usaria muitas palavras que em um futuro próximo, com a atual circunstância política do país, serão palavras perseguidas e estigmatizadas. Acho que esta circunstância já descreve bem o que eu faço.
Quais suas maiores influências ou quais foram suas grandes referências?
Eu recebi uma criação bastante conservadora pela minha família e isso me fez uma criança/adolescente bastante introvertida e de poucos amigos. Logo que comecei a pichar, vi ali uma oportunidade para me relacionar com as pessoas e o meu trabalho nunca mais deixou de ser sobre alteridade; a minha existência a partir das relações que eu estabeleço com os outros. E é justo dessas relações que vem minha inspiração.
Como foi seu caminho para chegar até aqui? Olhando para trás, além das suas conquistas e do seu sucesso hoje, quais foram seus maiores desafios ao longo do caminho?
Eu gosto de dizer que vivenciar experiências únicas na marginalidade da pichação, me fez aprender mais do que nas escolas de arte; que muitas das minhas percepções acerca dos direitos humanos, veio deste período quando eu experimentei em meu corpo e psique diversos tipos de violência.
Fui criada como uma "menina branca" por minha família conservadora de classe média. Com o seu primeiro marido, minha mãe enfrentou restrições financeiras e violência doméstica, até que fugiu com o vizinho que lhe proporcionou uma vida digna e me criou como sua filha legítima. Um homem de pouca instrução formal, meu novo pai, providenciou que pudesse me dedicar aos estudos até que aos 15 anos, minha família faliu e eu me vi obrigada a trabalhar iniciando desta forma, uma jornada empreendedora oferecendo cursos extracurriculares de artes em escolas do meu bairro.
Em 1999, quando fiz 17 anos, ingressei na Escola de Belas Artes da UFRJ ao tempo que comecei a pichar. Com a família desestabilizada, abandonou a casa dos pais e morou em uma das favelas mais perigosas da cidade. Para pagar suas contas e estudos, além das aulas, começou a desenhar pessoas nas ruas e vendê-las por 1 Real. Também foi nessa época que, com o codinome Anarkia Boladona, tornei-me a primeira garota de minha geração a escalar prédios para pichar meu vulgo.
Como parte da primeira geração de graffiti no Rio, fui uma das primeiras a pintar trens e intervir ilegalmente por toda a cidade. Em 2007 fui homenageada como grafiteiro do ano e em 2009 como grafiteiro da década; isso em um tempo quando nem tinha mulheres para competir com os homens. Comecei a me dedicar a pintura mural em 2005 depois de uma experiência negativa com violência doméstica.
Vivi por 3 anos com um parceiro que em 2004 me espancou e me manteve em cárcere privado. Naquela época, a violência doméstica era um crime de baixo potencial ofensivo e meu parceiro nunca foi punido. Essa experiência me trouxe ao feminismo e quando a lei de Maria da Penha foi aprovada em 2006, tornou-me um dos símbolos de promoção do fim da violência contra a mulher usando minhas pinturas murais para tratar sobre o tema.
Desenvolvi uma metodologia mundialmente premiada para usar o graffiti como ferramenta de comunicação e fundei a Rede NAMI (www.redenami.com), que enquanto organização de direitos humanos, apoiou desde 2010 mais de 9.000 mulheres. Recebi muitas nomeações, como o Vital Voices Leadership Awards na categoria Human Rights (D.C, 2010), que foi apresentado pela atriz Reese Witherspoon ao lado de Melinda Gates, da Fundação Bill e Melinda Gates; o DVF Awards (NY, 2012), apresentado pela atriz Jessica Alba ao lado de Oprah Winfrey; também fui indicada como Young Global Leader do Fórum Econômico Mundial (2013) e Rising Talents do Women's Forum (2011). Figurei em listas importantes como da revista americana W Magazine sobre a nova geração de ativistas que estão fazendo a diferença (2017) e as "150 mulheres corajosas que estão bombando no mundo" pela Newsweek (2012). Em 2017, a CNN me deu o título de Rainha do Graffiti. Nos dias atuais, meu ativismo está focado em apoiar as mulheres afro-brasileiras que são as maiores vítimas de feminicídio. Desde que iniciei o programa AfroGrafiteiras, dei apoio de longo prazo para 560 artistas negras no Rio de Janeiro.
Que conselho que vc daria para alguém que está começando agora e tb para artistas de um modo geral? Se vc conseguisse resumir todo o seu aprendizado ao longo da sua carreira, oq vc acha que seria interessante ou útil ter sabido antes?
Não dá pra ficar em casa esperando a oportunidade cair no nosso colo. Tem que colocar uma meta e pensar em tudo que precisa pra alcançá-la. Se vc não souber, vc tem q perguntar pra quem sabe, e ai ir atrás.
Onde mais vc quer chegar? Todos nós, de uma forma ou de outra, perseguimos nossos objetivos diariamente, temos nossos projetos, nossos desejos.. Mas alguns tem também um grande sonho, uma grande meta, qual seria a sua?
Eu quero montar um fundo para que depois da minha passagem, o trabalho da Rede NAMI possa continuar e virar um centro de artes e direitos para mulheres.
Andrew Salgado é um artista canadense, vivendo e trabalhando em Londres, que já realizou exposições em diversas partes do mundo. Mundialmente reconhecido, seu trabalho é belíssimo e intenso. Algumas de suas pinturas são retratos em grande escala que incorporam elementos de abstração e simbologismos. Outras possuem cores vibrantes, costuras, aplicação de tinta em mosaico e até mesmo borboletas reais que adornam suas telas. Mas todas são, por trás da técnica e artifício, carregadas de significados.
Salgado defende a arte como uma poderosa ferramenta de comunicação e Impulsionado por uma experiência como vítima de um crime de ódio gay, sua arte aborda as injustiças enfrentadas pela comunidade LGBT e também busca provocar um “diálogo aberto sobre a tolerância”.
Por uma dessas conspirações incríveis do universo que as vezes acontecem, a DOMI conseguiu contato com o artista que gentilmente nos concedeu uma deliciosa entrevista imperdível, disponível abaixo nas versões português e inglês.
Quem é Andrew Salgado? Uma busca rápida na internet é mais que suficiente para descobrir uma personalidade bem conhecida no mundo da arte, que ganhou inúmeros prêmios, realizou exposições em vários países, tem excelentes referências sobre seu talento e inúmeros elogios sobre sua trabalho, mas como você se definiria?
Eu sou um cara muito descontraído; Adoro rir e sorrir - e adoro fazer as pessoas rirem e sorrirem. Eu sou frequentemente desiludido pelo arte-indústria e o tipo de atitudes que ela gera e encoraja, e eu tento romper com esse molde - que você pode ter sucesso através da gentileza e apoio de seus pares. Eu gosto de música, leitura, yoga ... basicamente eu gosto do tempo 'off' do mundo da arte.
Quando você se descobriu como artista? Conte-nos um pouco sobre suas influências e inspirações
Eu acho que sempre fui um artista. Eu acho que foi o meu chamado, por mais que isso soe. Minhas influências artísticas são múltiplas: Gauguin, Matisse, Bacon ... mas incontáveis artistas contemporâneos, como Daniel Richter, Peter Doig, Euan Uglow, Sanya Kantarovsky, muitos mais. Eu sou frequentemente atraído por fontes simples de inspiração - uma linha de um livro, uma lembrança, um poema, uma canção, um pensamento, uma bugiganga de férias ... Costumo dizer que, para se manter inspirado, é importante "pensar pequeno e executar grande".
Como foi seu caminho até aqui? Olhando para trás, além de todas as suas conquistas e prêmios e sucesso, ou retirando a parte mais agradável, quais foram seus grandes desafios como artista? O que você acha que são os grandes desafios que os artistas em geral enfrentam nos dias de hoje?
Eu acho que todo dia oferece um novo desafio. Eu gosto do processo, porque os sucessos e elogios são poucos, distantes entre si e muitas vezes de curta duração. É importante manter-se fundamentado com uma boa base de apoio e reconhecer as pequenas vitórias ao longo do caminho. Hoje o artista precisa ser um expert em carreiras e em mídias sociais. Simplesmente não é suficiente apenas 'pintar coisas bonitas' - você também tem que jogar um jogo, e esse jogo pode se tornar desgastante se você não definir o tempo para si mesmo, seu bem estar e sua saúde emocional e física.
Que conselho você daria para alguém que está começando uma carreira?
Não espere muito cedo demais
Se você pudesse resumir todo o aprendizado da sua carreira até agora, em uma, duas ou três sugestões ou dicas que gostaria deque você recebeu quando era mais jovem, quais seriam essas sugestões?
Trabalhe duas vezes mais e preocupe-se com a metade. Seja gentil e solidário com seus colegas. O sucesso de outra pessoa não nega seu próprio sucesso. Assuma riscos. Faça acontecer por você mesmo - ninguém fará isso por você.
Onde mais você quer ir? Você é um artista ainda muito jovem, mas ao mesmo tempo você conseguiu tudo o que todos os artistas desejam alcançar: fama e sucesso.
Eu tenho um problema fundamental com essa pergunta / declaração - porque, em primeiro lugar, eu ainda estou crescendo, trabalhando e "tentando" como artista para já supor que consegui tudo o que quero alcançar. E que o que eu quero é "fama e sucesso" reflete um problema fundamental com o mundo da arte. Não existe o ‘já consegui’. Eu trabalho duro todos os dias. Eu sempre desafio a mim mesmo e a cada dia, mês, ano, novos desafios surgem que eu trabalho duro para superar. Esta questão é falha. Precisamos tirar a idéia de que nosso vizinho ‘já conseguiu’ e que 'fama' é o ápice do sucesso. Eles não são a mesma coisa.
Ao assistir algumas de suas entrevistas no Youtube, podemos ver como você é motivado e determinado, o que nos leva a acreditar que você está apenas começando a voar. Você poderia nos dizer para onde mais seus vôos podem ir?
Espero voar muito alto, mas não tão alto quanto Icaro. Algo assim.
Para conhecer mais sobre o artista e seu trabalho, visite seu website: https://www.andrewsalgado.com
English version
Andrew Salgado is a Canadian artist living and working in London, who has held exhibitions in several parts of the world. World-renowned, his work is beautiful and intense at the same time. Some of his paintings are large-scale portraits that incorporate elements of abstraction and symbolism. Others have vibrant colors, stitching, mosaic-like application of paint and even real butterflies that adorn their canvases. But all, aside from technique and artifice, are loaded with messages.
Salgado defends art as a powerful communication tool and driven by his own experience as a victim of a hate crime, his art addresses the injustices faced by the LGBT community and also seeks to provoke an open dialogue about tolerance.
Due to one of those incredible conspiracies of the universe that might happen sometimes, DOMI got in touch with Andrew Salgado who kindly gifted us with a delightful interview, unmissable interview, available below in Portuguese and English.
Who is Andrew Salgado? A quick search on the internet is more than enough to find out an well-known personality in the art world, who has won numerous awards, held exhibitions in several countries, has excellent references about his talent and countless praises about his work, but how do you would you define yourself?
I am a pretty easygoing guy; I love to laugh and smile - and I love to make people laugh and smile. I am often disillusioned by the art-industry and the type of attitudes it breeds and encourages, and I try to break from that mold - that you can succeed through kindness and support of your peers. I like music, reading, yoga...basically I like time 'off' from the art world.
When did you discover yourself as an artist? Tell us a little about your influences and inspirations
I think I was always an artist. I think it was my calling, as naff as that sounds. My artistic influences are manifold: Gauguin, Matisse, Bacon...but countless contemporary artists like Daniel Richter, Peter Doig, Euan Uglow, Sanya Kantarovsky, many more. I am often drawn to simple sources of inspiration - a line from a book, a memory, a poem, a song, a thought, a trinket from holiday...I often say in order to stay inspired it is important to 'think small and execute big'.
How was your way to get here? Looking back, beyond all your achievements and awards and success, or the most enjoyable part, what were your big challenges as an artist? What do you think are the great challenges that artists in general faces these days?
I think every day provides a new challenge. I enjoy the process, because the successes and accolades are few, far between, and often short lived. It is important to stay grounded with a good support base and acknowledge the little victories along the way. Today, artists need to be career-savvy and social-media whizzes. Its just not enough to 'paint nice things' - you have to play a game as well, and that game can become draining if you don't set time away for your self, your well being and your emotional and physical health.
What advice would you give to someone who is starting a career?
Don't expect too much too soon
If you were able to summarize all the learning throughout your career so far, in one, two or three suggestions or tips that you would like to have received when you were younger, what would these suggestions be?
Work twice as hard and worry half-as-much. Be kind and supportive to your peers. Someone else's success does not negate your own success. Take Risks. Make it happen for yourself - nobody is going to coddle you.
Where else do you want to go? You are an artist still very young but at the same time you have achieved everything that all artists wish to achieve: fame and success.
I have a fundamental problem with this question/statement - because, firstly, I am still growing, working, and 'trying' as an artist. To assume that I have achieved everything I want to achieve, and that what I want is 'fame and success' reflects a fundamental problem with the art world. There is no 'making it'. I work hard every day. I constantly challenge myself and each day, month, year provides new challenges that I work hard to overcome. This question is flawed. We need to get this idea out of our heads that your neighbor has 'made it' and that 'fame' is the pinnacle of success. They are not the same thing.
By watching some of your interviews on Youtube, we can see how motivated and determined you are, which leads us to believe that you are just starting to fly. Could you tell us where else your flights may go?
Hopefully I fly high but not as high as Icarus. Something like that.
To know more about the artist and his work please visit his website: https://www.andrewsalgado.com
Artista de poucas palavras, mas muito foco e dedicação, Ary Malik, nascido em 1954 no Rio de Janeiro, sempre teve o desenho como sua grande paixão. Designer gráfico por profissão, trabalhou por 9 anos no Jornal do Brasil e também na Editora Abril, ambos no Rio de Janeiro. Foi aluno aplicado e diligente da desenhista, gravurista e pintora Vera Motlis Roitman por dez anos e também do pintor Luiz Penna por três anos. Mais experiente e já com um estilo artístico bastante delineado, agora dedica-se a impulsionar um novo lado do seu trabalho no desenho artístico.
Confira abaixo nosso breve bate-papo com o artista!
Quem é Ary Malik? Para aquelas pessoas que ainda não te conhecem, como você se descreveria, como pessoa e como artista?
Nascido e criado às margens da Floresta da Tijuca, maior floresta urbana do mundo. Ali aprendi a diferença entre luz e sombra. Aprendi os matizes das cores.
Como a Arte entrou em sua vida ou como você iniciou no caminho das Artes?
Assim arte entrou na minha vida, através da observação da natureza.
Sabemos que essa não é uma definição muito fácil, mas para você o que é Arte?
Parafraseando o filósofo, a arte é a possibilidade de tornar a vida mais suave e mais densa.
Por que escolheu o desenho como forma de se expressar? Fale um pouco sobre suas influências, seus mestres, suas inspirações...
Porque é a primeira etapa de um processo. Começando a pintar. Influências: O ilustrador americano Norman Rockwell,o pintor brasileiro Glauco Rodrigues, a ilustradora botânica Malena Barreto, sem esquecer a mestre Vera Roitman.
Em que consiste seu trabalho hoje?
Meu trabalho hoje consiste basicamente na natureza percebida na infância, na essencialidade da vida rural.
Quais você diria que foram ou ainda são seus grandes desafios para trabalhar e viver de Arte aqui no Brasil?
Poderia dizer uma lista sem fim de coisas importantes, mas penso que o essencial é mesmo o foco. Para ser artista é preciso muito foco.
Olhando desde o início de sua carreira e seguindo sua trajetória profissional até o momento atual, quais você diria que são as características ou atributos fundamentais que um artista precisa ter?
Novamente aqui o foco como atributo essencial, mas também muita paciência.
Que conselhos ou dicas você daria para alguém que está apenas começando a dar os primeiros passos nesse mundo do desenho?
É importante que o artista esteja sempre atento às referências a sua volta. Ir muito ao cinema, teatro, museus, galerias de arte, cercar-se de pessoas afins. Isso faz toda a diferença.
Nos conte um pouco sobre seus planos, sonhos ou projetos para o futuro
Estudar mais, praticar mais e ter sempre muita paciência para esperar a hora de pintar.
Confira os trabalhos do artista visitando aqui.
Wilian Olivato nasceu em Igaraçu do Tietê, interior de São Paulo, se graduou em jornalismo pela Unesp em Bauru e fez da fotografia sua principal linguagem de trabalho. De 2009 até agora já fotografou como freelancer para agências de fotografia, artistas, agências de publicidade e também em projetos documentais dentro e fora do país.
Com pouco mais de uma década fotografando profissionalmente, mas já com alguns prêmios e exposições importantes no currículo, como ‘Save The Children Latin America’ e ‘Paraty em Foco’, Olivato transborda energia, experiência, conhecimento e ainda consegue combinar tudo isso com uma sensibilidade no olhar nada comum de se ver por aí.
Confira abaixo o delicioso bate-papo que tivemos com o fotógrafo, que nos contou sobre sua carreira, desafios e projetos para o futuro.
Quem é Wilian Olivato? Para aqueles que ainda não te conhecem, como você se descreveria ?
Sou jornalista de formação, mas a fotografia está na minha vida antes do jornalismo. Já são mais de 10 anos fotografando profissionalmente. Antes disso, sou marido, pai de 3 meninos, apaixonado pela música, poesia e principalmente por gente.
Nos conte um pouco sobre como a Fotografia entrou em sua vida ou como vc entrou para a Fotografia?
Sabe aquela historia do tio fotógrafo da família? Pois é, eu tive um. Sempre com uma camera por perto. Mas fui me aproximar realmente dela qdo trabalhei na redação de um jornal em Igaraçu do Tietê, minha cidade natal. Na extinta Folha do Vale conheci 2 fotógrafos, vivenciei um pouco da rotina ainda com filmes e um pouco do início do digital.
O que é Fotografia para você?
Fotografia é uma expressão, uma linguagem. Pra quem é profissional é ferramenta também, mas jamais deixa de ser essa forma de se expressar.
Por que escolheu a Fotografia como forma de se expressar? Fale um pouco sobre seus mestres, suas influências e inspirações
Mesmo nesse tempo em que o video ganha protagonismo, eu vejo a fotografia como algo diferente. Essa ideia de recortar o tempo, um instante. Mesmo romantizada é algo que fala muito comigo pois permite uma interpretação de quem vê.
Em que consiste seu trabalho hoje?
Hoje tenho duas frentes de trabalho. Um com retratos, publicidade e editorial e uma outra empresa onde fotógrafo casamentos.
Como a pandemia e a questão do isolamento social estão afetando o seu processo criativo?
Afetou de forma bem significativa. As produções praticaram pararam, viagens e tudo mais.
Editei um material que estava sem edição, revisitei algumas coisas antigas e isso é sempre bom. Também aproveitei pra fotografar minha familia, testar luzes...
Quais vc diria que foram ou ainda são seus grandes desafios para trabalhar e viver da Fotografia?
Construir uma linguagem que atenda essas varias demandas dentro da fotografia é sempre o maior desafio. O mercado tem muita oferta de fotógrafos, e muito gente boa, fazendo trabalhos incríveis. Então se manter exposto, produzindo é importante.
Você ainda é bastante jovem, mas considerando a sua trajetória profissional até o momento atual, quais vc diria que são as características ou atributos fundamentais que um artista precisa desenvolver?
Levando em conta que cada vez mais cedo temos profissionais no mercado, acho que não sou tão jovem assim (risos). Mas habilidades de realcionamento, network, atendimento, a meu ver são quase mais importantes que a técnica fotográfica em si. Hoje você entra no youtube e tem milhares de workshops e tutoriais pra aprender a fotografar. Mas os mais inexperientes muitas vezes não sabem fazer a leitura de um trabalho, em como atender ou apresentar o próprio trabalho por exemplo.
Que conselhos ou dicas vc daria para alguém que está apenas começando a dar os primeiros passos no mundo da Fotografia?
Alem de estudar, obviamente. Eu diria pra investir no repertorio, ver muita fotografia, ler, ver muitos filmes, pensar a luz das cenas. E claro, clicar, testar, errar, tentar de novo.
Onde mais vc quer chegar? Nos conte mais sobre seus planos, sonhos ou projetos para o futuro.
Eu estou abrindo um estudio no interior agora. Devo inaugurar logo após a pandemia. Em Sao Paulo, pretendo seguir com produções para agencias e retratos.
E uma coisa que caminha em paralelo é a produção de impressoes em fineart que devo começar a fazer em breve. Já fiz uns testes, mas quero apresentar isso de forma mais consistente.
Conheça mais o trabalho do fotógrafo aqui.
Toda essa popularidade e destaque não vieram da noite para o dia. Já faz um bom tempo que ela trabalha com cultura e está envolvida em projetos relacionados às Artes: música, teatro, exposições, etc. É formada em Comunicação Social e já passou por diversas agências de publicidade, revistas, TV, cinema publicitário.
Mas o que tem encantado os seguidores de seu canal no YouTube VIVIEUVI, com mais de 77 mil inscritos e com vídeos batendo records de visualizações, é o seu jeitinho todo especial e bem humorado de abordar, explicar e refletir, de forma tão gostosa e descontraída, esse assunto que amamos tanto: Arte.
A DOMI quis conhecer um pouco melhor essa mulher tão cativante que está fazendo sucesso no mundo dos apaixonados por Arte, que além de estudar muito, vem aumentando freneticamente seus números nas redes sociais, e fez essa deliciosa MINI ENTREVISTA. Confiram..
Quem é Vivi?
Pergunta filosófica, estou na jornada de descobrir esse “quem”. Mas na prática, sou uma mulher de 29 anos, meio cética, meio mística. Tenho um canal no youtube onde eu falo sobre arte chamado VIVIEUVI, aliás se inscreve que é divertido :)
O que você faz?
Há mais de dois anos eu posto vídeos no youtube sobre temas que rondam o universo da arte. Biografias de artistas, movimentos artísticos, exposições, pensamentos. No Facebook tenho um grupo que eu amo de paixão onde a galera compartilha notícias, vídeos, memes e muitos trabalhos pessoais. O Instagram é uma continuação disso tudo.
Por que?
Eu amo arte. Arte ressignifica minha vida. E eu fico muito feliz dedividir essa paixão com pessoas que vibram tanto quanto eu com esse tipo de expressão.
Como?
Eu parto da minha experiência com a arte que é de leiga-amante. Nessa jornada dos vídeos eu aprendi muito, mas o que me guia é o encanto. Acho que as pessoas se conectam comigo nesse lugar, no lugar da paixão. E quanto mais a gente vê arte, mais a gente quer arte.
Qual seu objetivo?
Acho que meu objetivo é reunir amigos que queiram dividir essa arte toda comigo e construir. Até agora o caminho tem sido muito rico.
Onde quer chegar?
Eu quero continuar fazendo os vídeos e trazer essa convivência da internet cada vez mais pra vida real também. Estou atenta aos sinais.. kkk
DOMI Galeria de Arte Online
Autor de uma das obras mais comentadas na mostra “Histórias afro-atlânticas”, que estreou no fim de junho no Museu de Arte de São Paulo e no Instituto Tomie Ohtake, Flávio Cerqueira (1983) flerta com a escultura desde os 16 anos, mas foi ao ver uma exposição do francês Auguste Rodin, na Pinacoteca de São Paulo, que o artista paulistano se apaixonou pelo bronze. Desse material é feita “Amnésia”, obra que traz à exposição o tema do embranquecimento da população negra: “O personagem simboliza a última pessoa a sofrer esse processo, a lata de tinta que o garoto despeja em seu próprio corpo não tem material suficiente para cobri-lo por inteiro”.
Com curadoria de Adriano Pedrosa, Lilia Schwarcz, Hélio Menezes, Ayrson Heráclito e Tomás Toledo, a mostra reúne representações das culturas afro-atlânticas, assim como trabalhos de importantes artistas negros de todo o mundo. São cerca de 450 obras de diferentes períodos, materiais e estilos em cartaz nas duas instituições de São Paulo, até 21 de outubro.
Confira a seguir uma entrevista com o escultor Flávio Cerqueira:
SP-Arte: Como você começou a trabalhar com escultura? Em especial, como foi a decisão de eleger o bronze como matéria-prima elementar?
FC: Eu comecei a modelar aos 16 anos. Eu trabalhava com massa epóxi, fazia bruxas, doendes, aqueles artesanatos hippies. Mas foi depois de ver uma exposição do Rodin, na Pinacoteca de São Paulo, que decidi que iria trabalhar com escultura e que o bronze seria minha matéria-prima.
SP-Arte: Como é o processo de desenvolvimento de uma peça? E a fundição, é algo que você acompanha?
FC: O processo de desenvolvimento de uma escultura em bronze é muito demorado e bastante trabalhoso. Consiste em modelar uma figura em argila, fazer um molde de silicone e gesso, tirar uma cópia em cera, cobrir essa peça com uma casca cerâmica, derreter a cera (por isso se chama fundição: pela cera perdida), derramar o bronze em estado líquido, soldar as partes fundidas e, por fim, fazer a pátina (processo de aceleração da oxidação do bronze que dá cor a ele, geralmente marrom, preto ou verde). No meu processo, eu não desenho ou faço esboço. Começo a modelar a figura e deixo que ela vá me mostrando o caminho. E acompanho o momento inteiro na fundição, isso é fundamental para o trabalho sair com o acabamento que eu desejo.
SP-Arte: Seu trabalho é composto a partir de cenas cotidianas e familiares, mas que muitas vezes passam despercebidas. Você se considera um observador atento? Como você escolhe as narrativas a serem trabalhadas?
FC: As cenas e narrativas compostas pelos meus trabalhos podem ser experiências pessoais, histórias ouvidas ou mesmo histórias inventadas. Eu me considero mais um contador de “causos” do que um observador atento.
SP-Arte: O que te chamou atenção na exposição “Histórias afro-atlânticas”? Teria alguma obra ou artista que você gostaria de destacar?
FC: Me chamou atenção o fato da mostra “Histórias afro-atlânticas” ser muito mais do que uma exposição de arte, dela ser um registro histórico em que os negros são os produtores e os protagonistas de suas próprias histórias. Gostaria de destacar o trabalho minucioso de pesquisa feito pelos curadores. Eu acho que cada obra tem sua importância na construção do todo – são peças fundamentais para que o conjunto seja harmonioso. Sem dúvida, essa exposição será uma daquelas que ficará para sempre em nossas memórias.
SP-Arte: A escultura “Amnésia” integra a mostra no Masp. Você poderia nos contar um pouco sobre a história da peça? Como ela foi concebida e como chegou a exposição?
FC: A escultura “Amnésia” fazia parte da minha exposição individual “Se precisar, conto outra vez” (2016). Essa mostra buscava narrar novas versões para a história oficial do Brasil e o trabalho “Amnésia” se relaciona com isso ao tratar do embranquecimento da população negra, um lado perverso da “mestiçagem”. O personagem da escultura simboliza a última pessoa a sofrer esse processo, a lata de tinta que o garoto despeja em seu próprio corpo não tem material suficiente para cobri-lo por inteiro. Como o bronze sempre serviu para registrar um momento histórico, não seria diferente com esse garoto.
O Hélio Menezes, um dos curadores da exposição “Histórias afro-atlânticas”, acompanhou de perto a minha individual. Além disso, escrevi para Lilia Schwarcz para apresentar minha recente produção e para convidá-la à mostra . Ela avisou o Adriano Pedrosa, que também foi conferir meu trabalho. Logo, o grupo curatorial estava bem familiarizado com essa série e o convite para participar da exposição no Masp surgiu no início deste ano, quando as coisas já estavam bem encaminhadas.
SP-Arte: Essa mesma escultura também esteve na exposição “Queermuseu”. Como você enxerga a liberdade de expressão na produção de artistas?
FC: Estamos vivendo um momento muito sombrio na sociedade brasileira em todas as áreas, não apenas nas artes. Como artista, acredito que posso continuar falando sobre os assuntos que me são urgentes sem perder a sutileza e a beleza. Há milhares de formas de se falar de amor, você só precisa encontrar a maneira adequada para cada situação.
SP-Arte: Seu trabalho tem um tom político e social bem forte. Você acredita na arte como vetor de mudança?
FC: Eu não vejo meu trabalho como político, social. Busco ter uma produção que se comunique com todos, sem criar um barreira hierárquica de conhecimento, esse é o barato pra mim! Eu vejo mudanças na minha própria vida. Arte é muito mais do que um objeto de contemplação!
SP-Arte: Quais projetos você tem pela frente?
FC: Participo de algumas exposições nas quais se destacam “Resignifications – Black Mediterranean”, em Palermo, na Itália, organizada pelo nigeriano Awam Amkpa. Em julho, reabre a exposição “Queermuseu”, no Parque Lage (RJ), e, em agosto, “Open Spaces”, no Kansas City, Missouri (EUA), com curadoria do Dan Cameron.
Fonte: SP-Arte
por Eneo Lage
Não é novidade para ninguém que viver da arte no Brasil não é fácil. Nosso país está repleto de artistas talentosos que estão sempre correndo atrás de ganhar a vida por meio do seu trabalho. O artista brasileiro Hal Wildson, residente de Goiânia, é um bom exemplo disso. Vindo de uma família humilde e com uma história de vida simples, Hal procurou enxergar além, por meio da arte e já soma milhares de seguidores nas redes sociais, além de exposições pelo Brasil e pelo mundo.
Nessa entrevista exclusiva ao INSPI, Hal nos leva a conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho, suas referências e sua inspiradora história de vida. Confira:
INSPI: Suas criações carregam uma identidade bastante marcante. Como você trabalhou seu estilo de arte ao longo de sua carreira?
Hal Wildson: Tudo começou de forma muito natural. Em 2007 perdi minha vó, pessoa muito importante em minha vida, foi ela quem me criou sozinha. O sonho dela era reformar a casinha que morávamos, mas, naquele tempo a situação financeira não era das melhores. No ano que ela faleceu eu decidi de alguma forma realizar o sonho dela . Pensei: ” vou reformar a nossa casa, mas como fazer isso sem dinheiro?”. Foi aí que iniciei a minha primeira grande colagem, utilizando grude (um tipo de cola caseira feita com polvilho e água) e todos os livros e apostilas que eu tinha em casa, colei pedaços de papel por grande parte da casa. No final, gostei muito do resultado e decidi desenhar por cima das tipografias. E assim nasceu esse estilo tão característico da minha estética. Nos últimos 10 anos muita coisa mudou no meu estilo, mas a essência do processo híbrido de colagem, poesia e desenho permanece.
INSPI: Quais são as técnicas que você utiliza em seu trabalho?
Hal Wildson: Nesses 10 anos de estudos já transitei por muitos materiais, acho importante que o artista tenha uma bagagem diversa de estudos e processos.
Atualmente o meu trabalho é o resultado da mistura de colagem manual, digital, desenho manual, literatura e fotografia, o que chamo de “Poesia Visual”.
Além desses estudos, também trabalho com colagens orgânicas (feitas com materiais orgânicos: galhos de arvore, folhas e etc.) e também intervenções urbanas interativas.
INSPI: Atualmente você vive da sua arte? Quais os desafios?
Hal Wildson: Sim. Há 3 anos vivo exclusivamente da minha arte. Os desafios são diários, por isso busco sempre me reinventar , a busca constante por novos experimentos é o combustível que me faz entender minha arte como trabalho, mas principalmente como missão. Gostou de criar, sem a criação minha vida não teria sentido, gosto de inspirar as pessoas e de trazer mensagens, esse é o meu papel como artista. Lidar com a auto crítica e com o mercado de arte são meus principais desafios.
Como vender minha arte sem perder minha essência? Me pergunto isso diariamente. Uma das formas de me adequar e sobreviver a isso é separando a minha agenda, em alguns dias faço as encomendas dos meus clientes, e em outros faço arte simplesmente pelo puro prazer e propósito de fazer arte.
INSPI: Qual é o requisito para escolher os personagens que você retrata em suas obras?
Hal Wildson: A cultura da América Latina é a minha grande inspiração. Gosto de investigar questões do cotidiano, a simplicidade das pessoas, suas histórias e motivações. Muitos desses personagens são fotografias que faço por onde ando, outros são resultados do trabalhos de outros fotógrafos e artistas.
INSPI: Que artistas te inspiraram a ser um artista também? Quais são as suas referências?
Hal Wildson: Atualmente me inspiro muito em Frida Kahlo e em Vik Muniz. Admiro a história de Frida e a forma como ela transformou toda dor em sentimento, em luta, em arte… vejo isso em minha trajetória. Já o Vik Muniz é o tipo de artista que me espelho, gosto das inovações e da sua forma de fazer arte.
INSPI: Das suas obras, qual você mais gosta?
Hal Wildson: Sou um artista muito auto crítico. Tem dias que não gosto de quase nada do que faço. Não tenho uma obra preferida, mas tenho um carinho especial pela série de intervenções urbanas : “DECIFRA_ME”. Esse foi um projeto que criei esse ano com o objetivo de gerar interação entre as pessoas e a arte. Crio colagens urbanas em relevo pelos muros da cidade, cada obra possui um enigma a ser decifrado, as pessoas que descobrem o segredo através das pistas são presenteados de alguma forma com a minha arte. Em 2018 pretendo dar mais força a esse projeto.
INSPI: Como você trabalha a divulgação da sua arte?
Hal Wildson:A internet é minha principal ferramenta. Atualmente o Instagram é a minha maior fonte de divulgação. Através das redes sociais consigo fazer amigos e clientes. Trocando ideias e conhecendo pessoas divulgo meu trabalho, conheço marchants influentes que acabam impulsionando minha arte. Dessa forma já consegui exposições fora do Brasil (Nova Iorque e Los Angeles, EUA) além de clientes em mais de sete países além do Brasil.
Movimentar as redes diariamente é primordial para que mais pessoas possam conhecer nosso trampo.
INSPI: Gostaria de trabalhar em colaboração com alguém?
Hal Wildson: Sim, com Vik Muniz.
INSPI: Que importância você dá para a arte na formação do individuo?
Hal Wildson: Total. A arte possui um papel transformador. Faz as pessoas olharem diferente para o próximo, faz a gente percorrer caminhos por onde nunca passamos. Posso dizer que a arte me salvou. Venho de uma família com histórico conturbado de violência, drogas e alcoolismo, não tive uma criação de “pai e mãe” e iniciei a minha vida adulta com 14 anos,. Nesse período eu já era independente: morava, trabalhava, pagava as contas de casa e corria atrás dos meus objetivos. Ser artista me ajudou a entender minha história com outros olhos, a continuar sonhando e criando a minha forma de vencer.
Fonte: INSPI (por Eneo Lage)